homem/mulher autocolante
hoje vi um homem no autocarro. ou era mulher. ou era homem com vontade de não ser homem. ou era mulher com vontade de não ser mulher. ou era as duas coisas. era um homem/mulher em pé, um autocolante a sobressair da paisagem cinzenta dos passageiros. podia ser pintura da paula rego ou personagem do lynch, mas ele/ela não queria ser porque julgava não poder ser nada. e era tantas coisas... podia ser cowboy ou vendedor de tecidos em nova delhi. podia ser bailarina russa ou gata de rua a comer peixinho fresco. ele/ela pensou em desistir muitas vezes por julgar já não poder ser nada, mas se tivesse reparado que eu o/a olhava, se tivesse sabido tudo aquilo que era ou podia ser, nunca mais iria abaixar a cabeça nem desejaria a morte.
hoje vi um homem no autocarro. ou era mulher. ou era homem com vontade de não ser homem. ou era mulher com vontade de não ser mulher. ou era as duas coisas. era um homem/mulher em pé, um autocolante a sobressair da paisagem cinzenta dos passageiros. podia ser pintura da paula rego ou personagem do lynch, mas ele/ela não queria ser porque julgava não poder ser nada. e era tantas coisas... podia ser cowboy ou vendedor de tecidos em nova delhi. podia ser bailarina russa ou gata de rua a comer peixinho fresco. ele/ela pensou em desistir muitas vezes por julgar já não poder ser nada, mas se tivesse reparado que eu o/a olhava, se tivesse sabido tudo aquilo que era ou podia ser, nunca mais iria abaixar a cabeça nem desejaria a morte.
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