possível intervalo ou mesmo vazio
no início era tudo branco -disse a rapariga. existem lugares onde o branco é sinal do fim -refutou a velha. mas na verdade é que logo no início era tudo branco -afirmou a rapariga. se calhar porque o branco é sinal de ausência mas a ausência até que pode ser esse limite inexistente aos olhos entre o início e o fim. ou podia mesmo ser o ponto onde início e fim fusionam-se e anulam-se um ao outro -aduziu a velha. chamar-lhe-emos possível intervalo ou mesmo vazio, então -resolveu a rapariga. no possível intervalo ou mesmo vazio era tudo branco. pouco a pouco, porém, foram aparecendo umas manchitas vermelhas do tamanho de uma lentilha mas com a forma de uma castanha de cajú. centenas de pequenas manchas vermelhas a brotarem. milhares de pequenas manchas vermelhas. milhões de pequenas manchas vermelhas que se iam juntando umas às outras por causa da falta de espaço. até que no possível intervalo ou mesmo vazio o nada branco ficou tingido de um vermelho intenso. no possível intervalo ou mesmo vazio, tudo passou a ser um mar de sangue -concluiu a rapariga. e depois? -perguntou a velha. depois? depois nasceriam ou morreriam todas as coisas, ou ao mesmo tempo umas nasceriam e outras morreriam, digo eu -deduziu a rapariga. gostava de o saber ao certo -declarou a velha enquanto olhava para o céu estrelado. também eu -concordou a rapariga enquanto mordia um morango silvestre.
no início era tudo branco -disse a rapariga. existem lugares onde o branco é sinal do fim -refutou a velha. mas na verdade é que logo no início era tudo branco -afirmou a rapariga. se calhar porque o branco é sinal de ausência mas a ausência até que pode ser esse limite inexistente aos olhos entre o início e o fim. ou podia mesmo ser o ponto onde início e fim fusionam-se e anulam-se um ao outro -aduziu a velha. chamar-lhe-emos possível intervalo ou mesmo vazio, então -resolveu a rapariga. no possível intervalo ou mesmo vazio era tudo branco. pouco a pouco, porém, foram aparecendo umas manchitas vermelhas do tamanho de uma lentilha mas com a forma de uma castanha de cajú. centenas de pequenas manchas vermelhas a brotarem. milhares de pequenas manchas vermelhas. milhões de pequenas manchas vermelhas que se iam juntando umas às outras por causa da falta de espaço. até que no possível intervalo ou mesmo vazio o nada branco ficou tingido de um vermelho intenso. no possível intervalo ou mesmo vazio, tudo passou a ser um mar de sangue -concluiu a rapariga. e depois? -perguntou a velha. depois? depois nasceriam ou morreriam todas as coisas, ou ao mesmo tempo umas nasceriam e outras morreriam, digo eu -deduziu a rapariga. gostava de o saber ao certo -declarou a velha enquanto olhava para o céu estrelado. também eu -concordou a rapariga enquanto mordia um morango silvestre.
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